quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Marketing Digital



Com a invenção da prensa tipográfica por Gutenberg em 1450, inicia-se o surgimento dos primeiros anúncios impressos, portanto, a forma mais elaborada de Marketing daquele período.
Já no Brasil, o Marketing chegou, mesmo, nos anos cinquentas, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, precisamente em 1954, onde se introduziu o conceito de Marketing, ou mercadologia, ficando o aportuguesamento da palavra Marketing, apenas para o final de 1980.
Desde então o Marketing tem evoluído, constantemente, até chegar aos dias de hoje com o Marketing Digital, constituído, do conjunto de atividades que uma empresa ou uma pessoa executa online, seja na criação de novos relacionamentos, seja na atração de novos negócios com a intensão de desenvolver uma identidade firme de uma marca, seja ela pessoal ou empresarial.
Assim o Marketing Digital de agora, se caracteriza por promover produtos ou marcas por meio das mídias digitais, constituindo-se de uma das principais maneiras das empresas se comunicar com o seu público de forma direta e personalizada, no momento certo.
Portanto, é impossível falar de marketing e ignorar que a maioria das pessoas em todo o planeta está conectada de alguma forma à internet produzindo relacionamentos pessoais ou realizando compras online, não é mesmo?
Diante dessa realidade, o Marketing Digital tornou-se a principal forma de aproximação cliente-empresa transformando os conceitos de marketing dos dias atuais, no ambiente online.
Assim, através dos vários canais digitais como blogs, sites, motores de busca, e-mails, e mídias sociais, dentre outros, é onde as empresas buscam solucionar dificuldades e desejos de seus clientes ou de potenciais clientes.
O Marketing Digital pode ser realizado por pessoas, empresas, universidades, ONGs, associações, igrejas, etc., considerando sempre a existência de fatores culturais, psicológicos, geográficos e jurídicos que influenciam as pessoas no momento de comprar ou de vender um determinado produto ou serviço.
O grande fluxo de comunicação que a web proporciona, atualmente, favorece estratégias como Search Engine Optimization (motor de otimização de busca), Inbound Marketing (marketing de atração) e o Marketing de Conteúdo.
Quando falamos em aumentar nossa rede, fortalecer a nossa marca e realizar melhores vendas, estamos falando de Marketing Digital, que se tornou o ferramental certo para se alcançar esses objetivos.
Marketing Digital conta com os melhores meios disponíveis para se calcular o retorno sobre cada investimento, definindo métricas claras com maior facilidade. Não é à toa que esse conceito é chamado de novo marketing.
Nos anos noventas, a internet passou por uma onda de crescimento, da qual muitas das principais empresas do mundo surgiram e muitas também desapareceram.
Chamamos esse período de Web 1.0, onde os primeiros mecanismos de busca, as primeiras vendas online e os primeiros softwares de comunicação se tornaram acessíveis.
Nesse período surgiu o Google em sua forma mais rudimentar, bem como vários outros motores de busca como o ICQ, um dos primeiros programas de comunicação instantânea da internet, criado em 1996. Daí o nascimento da internet como conhecemos, onde o termo Marketing Digital começou a ser utilizado.
Nessa época, a web era utilizada apenas por pessoas e empresas mais entusiastas, o que é compreensível. Afinal, ali havia poucos consumidores. Mas a rede foi adquirindo tração e as tecnologias foram se sofisticando sem que percebêssemos.
Em 1993, quando o primeiro anúncio “clicável” foi publicado, a internet possuía cerca de 130 sites no ar. Ao fim dos anos 2000, quando o Marketing Digital se tornou a base do que conhecemos hoje, chegou-se a 17 milhões de sites. Vale ressaltar que empresas como Google, PayPal e Amazon já existiam nesse período. Já em janeiro de 2020, chegou-se a mais de 1,74 bilhão de sites na Internet.
Desse modo o conceito de Marketing evoluiu, para além dos conceitos tradicionais de Preço, Praça, Produto, Promoção e Pessoas, onde se juntaram os conceitos de Processos, Posicionamento e Performance. E tudo isso passou a ser determinante para a identificação das ações de sucesso dentro do Marketing.
Ao contrário das estratégias tradicionais, o Marketing Digital trabalha com o conceito de personas, que são perfis semifictícios, baseados nos seus consumidores reais, e que representam o seu comprador ideal, criando ações mais segmentadas e direcionadas para as pessoas certas, poupando tempo e dinheiro.
Já os “Leads” são oportunidades de negócio. São os contatos que, através de uma estratégia de “Inbound Marketing”, deixam suas informações-chave para que as empresas consigam identificar os seus compradores em potencial e nutri-los com informações relevantes até que eles estejam prontos para o momento de compras.
O Funil de Vendas, também conhecido como Jornada do Consumidor, são as etapas pelas quais uma pessoa passa durante o processo de compra, desde a compreensão de um problema, passando pela consideração de compra até a decisão.
Já o CRM (gerenciamento de relacionamento com o cliente) é um software responsável pela gestão eficaz do relacionamento de uma empresa com os seus potenciais e atuais clientes. Pois ele tem a funcionalidade de cadastro de clientes, registro de suas informações, preferências e últimos contatos realizados com a sua empresa e controle de follow-ups (acompanhamentos).
Enquanto os “Leading Pages” são páginas de capturas de leads, 100% focadas em conversão de visitantes em clientes. A ideia é que nessas páginas você ofereça um conteúdo ou material de valor e em troca os visitantes mais interessados deixem suas informações de contato e, com isso, se tornem “leads”.
O SEO (Search Engine Optization) ou otimização para mecanismos de busca, são as ações que contribuem para melhorar o potencial de rankeamento de suas páginas de conteúdo ajudando as empresas a cumprir os principais requisitos exigidos pelas plataformas de pesquisa.
E o CMS (sistema de gerenciamento de conteúdo), nada mais é do que uma ferramenta que possibilita a produção, edição e publicação de conteúdos no ambiente online sem a necessidade de conhecimentos técnicos em programação. Dessa forma, por meio de um CMS é possível criar sites, blogs e outros portais de maneira simplificada.
Os CTAs (Calls-to-Action) ou apelos à ação, são os botões ou chamadas que direcionam a ação que os seus usuários devem cumprir ao visitar uma página, para que continuem no fluxo do seu funil de vendas e cheguem ao momento de compra preparados para o consumo.
O Fluxo de Nutrição, é um processo de automação de Marketing onde uma ação do usuário é o gatilho para um fluxo de mensagens, geralmente por e-mail, com o objetivo de ajudar o seu visitante a caminhar pelo funil de vendas.
As vantagens do Marketing Digital se concentra no estreitamento de relações entre o público e as marcas, representado economia para ambos.
Assim, Interatividade, Análise de Mensuração, Direcionamento, são vantagens indiscutíveis do Marketing Digital, significando mais oportunidades para as empresas, diminuindo o distanciamento entre as empresas e seus clientes; fanzendo com que pequenas marcas possam fazer boas campanhas e atrair consumidores do outro lado da cidade, do país e, até mesmo, do mundo.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Como será o amanhã?


A chegada inesperada da COVID-19, que nos afetou a todos em escala mundial, encontrou um mundo já em transformação. Porém com advento dessa pandemia as transformações se aceleram como nunca, trazendo modificações importantes nas relações sociais, na política e nos políticos, no mercado de trabalho e suas relações, bem como no gerenciamento dentro dos complexos industriais torpedeados pela necessidade de um novo conjunto de regras e normas de gerenciamento e atuação atuais, que não estão nos livros, mas que precisarão ser desenvolvidas e compiladas, o quanto antes.
Assim, com as mudanças em ascensão as nações ou os empreendimentos que acertarem mais em suas decisões atuais poderão tomar a dianteira nessa retomada após a passagem do coronavirus.
Nesse sentido, as decisões dos atuais dirigentes mundiais moldarão o mundo que há de vir, onde cada decisão se tornará essencial para o futuro, superdimensionando a responsabilidade do momento, não apenas na formatação de nossos sistemas de saúde, mas também de nossa economia, de nossa política e de nossa cultura, etc.
Yuval Noah Harari, historiador e filósofo israelense, autor dos livros ‘Sapiens’ e ‘Homo Deus’ – sucesso mundial de vendas -, nos diz que o primeiro dilema, nestes momentos de pandemia, se dá entre a vigilância totalitária e o empoderamento dos cidadãos, e o segundo dilema acontece entre o isolamento nacionalista e a solidariedade global.
Harari defende que a tempestade da pandemia passará. Sobreviveremos, mas o planeta será outro, já que muitas das medidas atuais de emergência deverão ser estabelecidas como rotinas fixas, pois, essa é a natureza das emergências, acelerar os processos históricos. Assim, as decisões que em tempos normais levam anos para que sejam deliberadas, diante do inimigo invisível são tomadas em poucas horas.
As tecnologias perigosas e imaturas entram rapidamente em vigor, porque os riscos de inação são piores.
Países inteiros já funcionam como cobaias para experimentos sociais em larga escala. Vejam o que acontece quando todos trabalhamos em casa e só temos comunicação remota? O que acontece quando todas as escolas e universidades trabalham online? Essas são perguntas que a população mundial está fazendo neste momento, do médico ao trabalhador de escritório, do empresário ao professor.
Pela primeira vez na história, os governos hoje têm a capacidade de monitorar toda a sua população ao mesmo tempo e em tempo real, um dispositivo que nem a KGB soviética conseguiu em um único dia. Os governos de hoje conseguem isso com sensores onipresentes e poderosos algoritmos, como demonstrou a China, monitorando a população por meio de telefones celulares e por câmeras de reconhecimento facial.
A questão que nos alerta Harari é, se os dados de suas reações serão usados politicamente para saber como respondem as emoções do eleitorado a certos estímulos apenas, estatisticamente, ou para manipular grandes massas. Eis a questão!
Atualmente na China, vários aplicativos alertam ao portador de um celular de que ele está próximo de uma pessoa infectada, porém, a que suposto perigo poderiam nos alertar também?
Esses tipos de tecnologias não se limitam à ÁsiaHarari nos lembra que, recentemente, o primeiro-ministro israelense Benjamin Neranyahu autorizou a Agência de Segurança a usar tecnologia anteriormente restrita a combater terroristas para rastrear pacientes com coronavirus, isso foi feito através de um determinante ‘decreto de emergência’ que rejeitou as objeções da oposição no Parlamento.
Em outras palavras, a tecnologia de vigilância em massa que antes assustava muitos governos poderá ser usada regularmente, não mais como um controle ‘sobre a pele’, mas ‘sob a pele’. Os políticos terão muitas informações sobre o que nos provocam tristeza, tédio, alegria e euforia. Isso representa um poder sobre as populações sem precedentes e, portanto, arriscado.
Por outro lado, foi demonstrado que o monitoramento centralizado e a punição severa não foi a maneira mais eficaz de alcançar o cumprimento das regras que poderiam nos salvar. Porém, uma população motivada em sua própria saúde e bem informada é a única chave para esse processo.
De fato, esse é o grande ensinamento da política do uso do sabão, que não exige que um Big Brother nos assista a toda hora. Assim, o hábito do sabão precede todos os regulamentos, é um tipo de legado familiar de longo ciclo histórico.
O historiador e filósofo insiste na centralidade das histórias comuns às civilizações, como por exemplo, os costumes higiênicos. E para atingir esse nível de cumprimento e colaboração no bem comum, é necessária confiança na ciência, nas autoridades públicas e nos meios de comunicação.
Nos últimos anos, políticos irresponsáveis minaram deliberadamente a confiança na ciência, nas autoridades e nos meios de comunicação, afirma o historiador. Agora, esses mesmos políticos poderão ficar tentados a seguir o caminho mais rápido para o autoritarismo, com o argumento que não se pode confiar que o público faça a coisa certa, adverte.
Harari é a favor de se monitorar a temperatura corporal e a pressão sanguínea das pessoas, mas esses dados não devem ser usados para criar um governo todo-poderoso, devem permitir que as pessoas tomem suas decisões pessoais mais bem informadas e que, por outro lado, essas mesmas ferramentas também deveriam fazer com que os governos prestem contas de suas decisões, comenta.
Harari exorta que tenhamos um plano global na escolha entre o isolamento nacionalista e a solidariedade global. Dado que tanto a epidemia, quanto a crise econômica são globais, e apenas poderão ser resolvidas com a cooperação global.
Para derrotar a pandemia, precisamos compartilhar globalmente as informações, e essa é a grande vantagem dos seres humanos sobre os micro-organismos. A China pode ensinar muito aos Estados Unidos como combater o vírus. Enquanto o hesitante governo britânico decide entre privilegiar a economia e não a saúde pública, os coreanos têm muito a ensinar sobre a luta contra o coronavirus. Mas isso não pode ser alcançado sem o compartilhamento de informações.
Precisamos de um espírito de cooperação e confiança, alerta Harari. E também da plena disposição internacional de produzir e distribuir equipamentos médicos, como kits de teste e respiradores. Assim como os países internacionalizam suas principais indústrias durante uma guerra, o combate contra o coronavirus exige humanizar as indústrias comprometidas com o bem comum.
Nesse sentido, a humanidade está enfrentando um desafio histórico, do qual se precisa resolver o dilema da adoção do caminho da solidariedade global ou o da desunião, que apenas resulta em prolongamento da crise.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

O Brasil e a Década de Mudanças


Estamos entrando em uma nova década, certamente, de aceleradas mudanças tecnológicas, as quais nos levarão a um quadrante desafiador, não somente individualmente para cada um de nós, como também para os países em geral, principalmente, para os emergentes, o que se refletirá, intensamente, no mundo dos negócios.
Podemos dizer que, realizadas as reformas necessárias a que o país necessita, isso nos levará, certamente, a uma nação diferente em vários aspectos. Porém, a nossa invariável instabilidade como nação, nos acompanhará por algum tempo mais, até atingirmos a idade adulta, ou seja, a maioridade.
Somos ainda um país muito desigual, por vezes ainda infantilizado em nossas decisões, onde o descompasso com a realidade se torna, às vezes, gritante.
Nesse sentido, será um período de maturação dos grandes fenômenos incipientes, assim como há dez anos dada a popularização da internet já se imaginava como ela mudaria o mundo. Da mesma forma, fenômenos detectáveis no mundo de hoje terão seus efeitos mais fortes a partir desse ano, o qual iniciamos.
No Brasil, dado as melhorias no emprego e na renda (ainda que muito lentas), com taxas de juros menores, após a Reforma da Previdência Social, que afastou o risco de calote da dívida pública a curto e médio prazo, contribuirá para a melhora das expectativas dos empresários e do meio econômico em geral, o que é fundamental para a retomada dos investimentos em ativos reais.
Assim, com a queda estrutural da taxa de juros no Brasil, ocasionada pelo controle da inflação e da diminuição do risco da dívida pública, com a introdução da PEC dos gastos e da reformada da Previdência, aliado à estabilização dos preços, os investidores topam agora emprestar dinheiro para o governo a uma taxa de juros menor.
Atualmente, o custo de financiamento do setor governo via Taxa Selic é de 4,25% ao ano, e com a Selic no patamar mais baixo da sua história, o crédito para pessoa física e pessoa jurídica, pouco a pouco, tenderá a ficar mais barato.
Como sabemos, a redução do custo do crédito no varejo e no atacado não ocorre na mesma proporção da queda da taxa Selic, dado que as taxas de financiamento PF e PJ sofrem influência de outras variáveis, como inadimplência, custos operacionais, tributação e concentração bancária.
A diminuição da taxa de juros tem dois efeitos. O primeiro é sobre o consumo. As pessoas ficam mais propensas a consumir no presente, sem a necessidade de poupar para consumir no futuro. Com o aquecimento do consumo, as empresas produzirão mais, trazendo crescimento econômico.
O outro efeito acontece nos investimentos das empresas. Com a queda de juros, o custo de capital das empresas diminui, o que estimula o aumento do investimento (aquisição de máquinas e equipamentos), que também tem impactos positivos sobre o PIB, embora as empresas ainda estejam com elevada capacidade ociosa.
Além disso, como os prêmios no mercado de juros (renda fixa) estão menores (juro real negativo para um ano), os investidores tendem a procurar opções de maior rentabilidade, como investimentos em ações, por exemplo, onde se observa um crescimento do mercado de capitais para os próximos anos.
Tanto o aumento do consumo, como do investimento por parte das empresas, significa aquecimento de demanda a curto prazo. Como o país está com capacidade ociosa (máquinas e mão de obra parada), as empresas produzirão mais sem gerar pressões inflacionárias.
Com a realização das privatizações necessárias para reabastecer os cofres públicos e suspender a sangria de dinheiro que sustenta estatais mal geridas; com a realização de uma reforma administrativa que efetivamente reduza o tamanho do Estado, tornando-o mais eficiente; e com retomada da pauta da desburocratização, tudo isso fará, certamente, um país melhor.
Assim, com a reforma previdenciária concretizada e com o desempenho da equipe econômica de orientação nitidamente liberal, fatores externos, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e agora as triscas entre EUA e Iran, e uma série de circunstâncias internas, majoritariamente de natureza política, assim como as dificuldades com o coronavírus na China, podem dificultar a retomada brasileira.
Atualmente, o governo não tem capacidade de investimento e, ao mesmo tempo, o país tem déficit de infraestrutura e demanda reprimida. Se as medidas saneadoras forem bem implementadas, poderão assegurar pelo menos uma parte das condições necessárias para a retomada do crescimento.
É fundamental que o Brasil se torne novamente atrativo para os investidores internacionais, mostrando solidez institucional, seriedade na condução da macroeconomia e empenho na adoção de boas práticas no aspecto socioambiental.
Devemos ponderar que, infelizmente, a recuperação da economia não ocorrerá de modo uniforme em todos os segmentos negociais. O agronegócio e a construção civil, por exemplo, têm um dinamismo próprio que favorece sua rápida ascensão, enquanto outros segmentos tendem a demorar um pouco mais. De qualquer forma, o aquecimento da economia e a volta do emprego favoreceriam o país como um todo.
Paralelamente, o Brasil precisa voltar a investir em educação e na formação profissional de seus cidadãos. Somos pouco competitivos e, rankings globais demonstram que estamos menos produtivos do que a média dos trabalhadores de outros países, portanto, já passamos da hora de corrigir essas distorções e de aprimorar o nosso capital humano!
Os principais parceiros do Brasil estão crescendo menos, e essa desaceleração deverá se aprofundar para os anos seguintes, segundo projeções mais recentes
No campo, vivemos uma janela de oportunidades. Hoje, o Brasil é uma potência do agronegócio e das commodities, graças aos recursos naturais e à mão de obra relativamente barata.
A partir de 2020, é possível que a África reúna também essas condições. Precisamos estar mais bem preparados para competir em outro nível, ou seja, no nível da produção de conhecimento. Precisamos buscar um novo patamar de geração de riqueza através da inovação tecnológica. Esse é o caminho.  
Voltando para a realidade de curto prazo, podemos dizer que as consequências econômicas do coronavirus ainda são incertas. Porém, já se apresenta um aumento de aversão ao risco e uma certa depreciação do mercado global, o que contribui para um cenário transitório mais incerto.
Por outro lado EUA e China assinaram a primeira fase do acordo comercial.
Por aqui a atividade econômica segue em recuperação gradual. As previsões do PIB se mantem em 1,2% para 2019 e de 2,2% para 2020.
Segue a criação da comissão mista no Congresso para discutir a reforma tributária e a possibilidade de encaminhamento da reforma administrativa, o que é um alento.
No contexto mundial, analistas vêm um aumento de aversão ao risco e a depreciação de ativos das economias emergentes, porém podem ser passageiros. E no médio prazo espera-se uma pressão negativa na atividade econômica global.
À parte a todas essas circunstâncias, seguem as expectativas de 132.000 pontos para o IBOVESPA até o final deste ano.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A Máquina e o Homem no Século XXI

Sem que percebamos o nosso tempo e a nossa realidade tem se parecido cada vez mais a um filme de ficção científica, dado o impacto das máquinas tanto no meio empresarial como, diretamente, em nossas vidas.  
É difícil pensar em um aspecto de nosso dia a dia que não esteja relacionado de algum modo a um computador, e eles estão em todos os lugares, até mesmo nos nossos bolsos.
Parece, que nos encontramos em mais um daqueles momentos decisivos.
Os computadores estão se tornando cada vez mais inteligentes e aprendendo mais e mais com as informações que utilizamos dos sites de busca e dos posts que publicamos nas redes sociais. Assim, o big data, as redes neurais, a inteligência artificial e autônoma, estão aí em nosso cotidiano.
E quais serão as consequências desses avanços espantosos para a ciência, para a sociedade, e para nossa privacidade, daqui para a frente? E para onde vai a humanidade, para onde vão as ciências sociais?
Pois é. São perguntas que nos levam à condução desse futuro próximo, o qual se intensifica e que, certamente, passa pela compreensão dos algoritmos.
Mas, o que são algoritmos? Uma resposta válida seria entender os algoritmo como seres vivos.
De outro modo: quem são os algoritmos, como vivem, como se reproduzem, como essas espécies se relacionam com os humanos, e quais riscos corremos?
Uma definição possível é que um algoritmo seja uma sequência finita de ações executáveis com o propósito de solucionar determinado tipo de problema.
Imaginemos a nossa máquina orgânica que é o nosso cérebro. Havendo um processo com potencial de ser sistematizado ele pode ser entregue a um algoritmo.
Desse modo, dados recentes nos indicam que já delegamos muita coisa aos algoritmos como a escolha da melhor rota de transito de casa ao trabalho; a sugestão de qual trompetista de jazz combina mais com o gosto musical de uma pessoa; e qual série de TV seria interessante a uma pessoa assistir na semana seguinte, etc.
Talvez possamos economizar tempo ao fazer essa delegação e, ao mesmo tempo, certificar que, eles os algoritmos são, basicamente, devoradores de dados.
Assim, todos os posts que publicamos no Facebook, as fotos que postamos no Instagram, os comentários que fazemos em mídias sociais, os links que mandamos para nossos amigos em posts abertos, nossas pesquisas no Google, tudo isso vira dado. Tudo isso, é consumido pelos algoritmos.
Imaginemos agora um iceberg. Aquela parte que se posiciona acima da linha d’agua, analogamente, ela é composta pelos dados que nós habitualmente utilizamos e já sabemos que os algoritmos fazem uso deles.
Então, nossas buscas, nossos posts, as nossas pesquisas no spotify, no netflix, no waze. Isso é da linha d’agua para cima.
Da linha d’agua para baixo, a gente tem um outro volume de dados dos quais os algoritmos também fazem uso. Esses dados podem ser dados médicos, informações financeiras, dados de assinaturas de produtos, serviços, pesquisas científicas, dados de governo, dados de instituições públicas, etc. Isso, a gente já não sabe direito como estão sendo movimentados, pois a gente não está enxergando.
Podem ser dados privados, e muito desses dados por vezes anonimizados (dados que a gente não sabe quem os gerou), porém, muitos deles, são processados pelos algoritmos para depois se tornar informação preciosa no mercado de dados.
Em todo o mundo somos 4 bilhões de pessoas “on line”. Em algum momento entre 2020 e 2021 seremos 5 bilhões de pessoas, “on line”, produzindo dados. E o Brasil não está fora desse cenário.
Somos o segundo país a ficar mais tempo conectado nas redes sociais, em média 9 horas diariamente. Somos 149 milhões de pessoas com acesso à internet, e muitos, com acesso, exclusivamente, via celular.
O Brasil já possui 75% do eleitorado conectado aos políticos. Por isso, os impactos das redes sociais na política. Nessa toada existem 133 milhões de perfis seguindo os parlamentares que têm acento no Congresso.
Os times do campeonato brasileiro possuem 132 milhões de seguidores. Então o ecossistema digital em torno do Congresso Nacional hoje já é maior do que o ecossistema digital em torno do campeonato brasileiro.
No passado, tínhamos algoritmos elementares, os algoritmos de ordenação, como os da antiga Lista Telefônica.
Atualmente, temos algoritmos mais elaborados, capazes de produzir algo novo, uma vez instruídos para isso.
Recentemente, um softer foi instruído e alimentado com os sete livros das “Crônicas de Gelo e Fogo” do escritor George Martin, que deu origem à série “Game of Thrones”.
Os programadores instruíram o algoritmo para ler os sete livros publicados e em seguida escrever o oitavo livro, criando novos personagens. E assim foi feito. Um algoritmo criou o oitavo livro da série, com personagens novos, usando alguns personagens criados anteriormente com o jeitão de escrever de George Martin, gerando uma trama completamente coerente e nova.
Cabe a pergunta: existe algoritmo mais sofisticado do que esse? A resposta é sim, existe.
Em dezembro de 2017 um softer chamado “Alpha Zero” do Google venceu no xadrez o softer “Stockfish 8”. Mas por que isso é importante?
O Alpha Zero, diferentemente do Stockfish 8, ele calculava apenas 80 mil posições por segundo enquanto o Stockfish 8, foi programado para executar 70 milhões de posições por segundo, porém, seus programadores não o ensinaram a jogar xadrez. No entanto, colocaram nele um sistema de aprendizado de máquina. Ou seja, o Alpha Zero aprendia enquanto jogava.
Resultado: em cem partidas contra o Stockfish 8, o Alpha Zero venceu 28 e empatou 72.
Involuntariamente, ou até mesmo de maneira voluntária pouco a pouco vamos entregando nossa vida para os domínios das máquinas.
O ritmo das mudanças e das inovações fica cada vez mais rápido e vamos sendo absorvidos por essas mudanças, incorporando novos hábitos e jeitos de viver sem muito refletir a respeito.
Em muitos casos nem nos damos conta que aquilo que parecia um futuro longínquo, já está aqui no nosso presente.
Outo ponto interessante é saber como essas espécies interagem com os humanos?
No Reino Unido, o NHS (National Health Service), o serviço nacional de saúde deles, é muito bem avaliado. O cidadãos aplaudem o serviço de saúde britânico. No entanto, os custos tem avançado e chegado a 7% do PIB. E lá eles se importam com gestão fiscal eficiente.
Lá no Reino Unido, a espera por atendimento médico, as vezes dura semanas e 92% dos clínicos gerais, dizem que tem que utilizar menos de 15 minutos com cada paciente.
Por outro lado, 20% das pessoas que vão ao médico elas vão apenas para pedir receitas de remédios recorrentes, ou seja, de remédios que tomam habitualmente.
O que o NHS fez? O NHS contratou a “Babylon”. A Babylon é uma empresa de tecnologia que oferece inteligência artificial para triagens e diagnósticos.
Então o que o cidadão britânico faz hoje? Ele entra no Babylon e é atendido por um “bot”, um robô. Ele vai informando os sintomas e o robô vai fazendo perguntas, sugerindo um tratamento ou, eventualmente, um remédio que não precise de prescrição médica, obviamente.
Assim, 30% dos casos são resolvidos nesse estágio. O bot, já cumpre essa tarefa. Então o usuário já ficou contente e não precisa marcar consulta com um médico de verdade.
Numa segunda fase, as pessoas são encaminhadas para uma vídeo conferência. Olha, o bot não resolveu o meu problema, eu preciso falar com um médico, aí a pessoa é conduzida a uma vídeo conferência, onde se dá a segunda triagem.
Somente o paciente que precisa de verdade é que vai ao Posto de Saúde. E aí o médico passa a ter mais tempo com o paciente, e não os 15 minutos, de anteriormente.
Um pequeno detalhe: o Ministério da Saúde brasileiro tentou trazer o Babylon para o Brasil e ocorreu que o Conselho Federal de Medicina foi contra a iniciativa.
Estatística: o nível de acerto da triagem humana é de 93,1%, e com a inteligência artificial o acerto na triagem chegou a 97%.
Conclusão: com a interação com humanos, a espécie dataista (baseada em dados), é capaz de nos decifrar com mais acurácia do que nós mesmos.
O relacionamento entre a espécie homo sapiens e a inteligência artificial, ou seja, entre homem e máquina já nos trouxe diversas vantagens. Mas, como todo relacionamento, esse também não está livre de conflitos.
Especialistas dizem que colocar decisões importantes nas mãos virtuais dos programas de computador significa tirá-las das mãos da humanidade.
Mais, quais são os perigos de uma sociedade baseada em algoritmos?
A professora de “Harvard” Shoshana Zuboff (psicóloga social), autora do Livro a Era do Capitalismo de Vigilância, nos chama a atenção, dizendo que na relação entre empresas e sociedade o capitalismo tem se utilizado de uma reciprocidade orgânica com as sociedades onde ele se insere. Ou seja, uma empresa precisa de pessoas que trabalhem nela e comprem serviços e produtos gerados por ela. Assim, sempre houve o capitalismo de aproximação, de reciprocidade.
No capitalismo de vigilância, citado pela professora, somos utilizados apenas como material bruto, como insumo, fornecedores de dados que serão, posteriormente, negociados entre empresas, no mercado de dados.

Fonte: Kaike Nanne

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Entendendo a Amazônia II - Continuação


A abundância de minérios na região é incontestável. Se explorados racionalmente, esses produtos podem trazer grande riqueza ao país. Os mais importantes são: o ferro (18 bilhões de toneladas, em Carajás); o alumínio (4 bilhões de toneladas, em Trombetas, Paragominas e Almeirim); o manganês (80 bilhões de toneladas em Carajás e Serra do Navio); o cobre (10 milhões de toneladas, em Carajás); o ouro (250 toneladas, em Tapajós); além do estanho, com 400 mil toneladas e o níquel com 90 mil toneladas. Em menores quantidades, encontra-se também na Amazônia diamantes em Roraima; o petróleo na plataforma oceânica; e o urânio e o sal gema em Roraima.
Por outro lado, os recursos naturais da Amazônia vêm sendo explorados, inadequadamente, desde a chegada dos primeiros colonizadores.
Com a descoberta das riquezas minerais, iniciou-se na Amazônia mais um tipo de exploração que agride violentamente o ecossistema local: a mineração.
A mineração é feita a céu aberto, removendo–se grandes áreas florestais. Porém, os danos maiores são causados pelos garimpos de ouro, como o do rio Madeira, que poluem as águas com o mercúrio usado para precipitar as minúsculas pepitas dispersas na água.
Outra dificuldade são os conflitos entre colonos e indígenas que acabam por ser uma constante na região.
As ilegalidades são outro problema. Imagens mostram o a avanço do garimpo ilegal e grileiros costumam usar queimadas para ocupar partes da floresta e depois tentar vende-las, embora o Inpe e o Ibama sejam os responsáveis por fiscalizar o desmatamento.
O aumento da pressão por atividades ilegais sobre a Amazônia é muito grande, e esse aumento, por sua vez, decorre de uma política que não soube dar alternativa econômica para uma região a qual vivem mais de 20 milhões de pessoas.
Na realidade todas as ações econômicas podem ser realizadas com cuidados ambientais, inclusive, com licenciamento. Vários países utilizam-se de atividades potencialmente poluidoras, e o fazem de maneira adequada.
Embora se propale o contrário, o Brasil cumpre bem suas responsabilidades ambientais. Um país que tem 66% de sua vegetação nativa mantida e, que, portanto, possui um Código Florestal desenvolvido e apropriado, o qual nenhum outro país possui, não pode ser desprezado internamente, nem mesmo internacionalmente.
Nossa matriz energética é 80% limpa, enquanto países europeus têm matrizes consideradas sujas, dado a utilização excessiva de termelétricas.
Isso não invalida que correções precisam ser desenvolvidas na Amazônia, principalmente, no cumprimento ao Código Florestal brasileiro.
Diante de tantas polêmicas, principalmente, pela mídia, torna-se necessário conhecermos alguns números da nossa Amazônia. Atualmente, o volume de terras atribuídas (destinadas à reforma agrária) correspondem a 88,5 milhões de hectares, uma vez e meia a área de produção de grãos brasileira, que é de 240 milhões de toneladas.
Somente o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), possui mais de 20% das terras do Brasil; e 37% do país está legalmente atribuído.
Comparativamente a outros países podemos dizer que o Brasil possui 30,2% de áreas preservadas e destinadas aos indígenas; a Austrália possui 19,2%, a China possui 17,0%, os EUA: 13%, e a Rússia possui 9,2%.
Assim, a área protegida pelo Brasil equivale a 15 países da União Europeia.
Juntando toda a área protegida com a área preservada, chegamos a 49,8% das terras brasileiras, ou seja, 28 países da Europa. Preservamos e protegemos uma área igual a União Europeia, e mais três vezes a Noruega.
O Imobilizado do agricultor brasileiro paralisado em reservas florestais, equivale a R$ 3,1 trilhões, com um custo de manutenção das áreas preservadas de R$ 20 bilhões anuais.
Juntando tudo isso, temos 66,3% de preservação da vegetação nativa e da biodiversidade amazônica, correspondente a 48 países e territórios da Europa.
Estudos internacionais mostram que nos próximos 20 a 30 anos vai existir um mercado adicional de alimentos de US$ 40 bilhões em alimentos. O único país que pode atender esse mercado, ou parte dele, é o Brasil. Porém, os EUA querem ficar com esse mercado. Existe, até um slogan bastante característico desse movimento que dá título ao livro “Farms here, forests there” (fazendas aqui e florestas lá).
É preciso compreender ainda, que muitas ONGS que estão na Amazônia são, inteiramente, financiadas pelos produtores de milho dos EUA, e que existe uma forte campanha contra o agro negócio brasileiro no exterior, que se acentuou depois da assinatura do acordo União Europeia-Mercosul.
Considerando a extensão de 5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal, podemos dizer que para haver uma política pública que contribua efetivamente com a Amazônia, os recursos devam ser proporcionais ao seu gigantismo. Assim, se cada hectare da Amazônia recebesse, por ano, US$ 100, estaríamos falando de um volume de recursos equivalente a US$ 50 bilhões anuais. Esse é o volume de recurso necessário para termos condição de dizer que a Amazônia está sendo, realmente, ajudada pela comunidade internacional.
Interessante saber que os recursos recebidos de fora estão muito aquém do que a Amazônia necessita. Vejam que no final de 2018, o Fundo Amazônia desembolsou R$ 1,9 bilhão, dos R$ 3,4 bilhões que arrecadou em doações.
Já a demarcação de terras aos índios brasileiros atingem 13% do território nacional para atender apenas 1% da população brasileira, em uma região correspondente a concentração das maiores riquezas minerais do país.
Desse modo, não parece uma escolha pública adequada aumentar as demarcações onde existem reservas minerais e colocar um território tão vasto para uma população tão pequena de indígenas.

Entendendo a Amazônia I



As primeiras tentativas de organização da Amazônia aconteceram no governo brasileiro de 1953, com a criação do conceito de Amazônia Legal com o objetivo de promover e planejar o desenvolvimento social e econômico da região.
Assim, a Amazônia Legal é uma área que engloba nove estados brasileiros, pertencentes à chamada Bacia Amazônica incluindo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do estado do Maranhão, equivalente a cinco milhões de quilômetros quadrados, correspondente, a cerca de 61% do território brasileiro, com uma população aproximada de vinte e cinco milhões de habitantes, distribuídos em setecentos e setenta e cinco municípios.
A Amazônia, corresponde ao mais extenso dos biomas brasileiros, equivalente a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, a qual detém a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético da humanidade e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável.
Nos nove estados da Amazônia Legal, residem 55,9% da população indígena brasileira, ou seja, cerca de 250 mil pessoas, segundo dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI). A região abrange vinte e quatro dos chamados distritos sanitários especiais indígenas mantidos pela FUNASA (Fundação Nacional da Saúde) onde abriga grande diversidade étnica, com oitenta etnias.
Treze anos depois, em 1966 veio a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, com o intuito de dinamizar a economia amazônica, coordenando, supervisionando, elaborando e executando programas e planos de órgãos federais; além de estabelecer incentivos fiscais e financeiros especiais para atrair investidores privados, nacionais e internacionais à região.
Um ano depois, em 1967, visando contemplar a ideia de desenvolver a Região Norte, foi criada a Zona Franca de Manaus: uma área de livre comércio caracterizada por isenção fiscal, a qual acolhe diversas empresas incentivadas, formando o Polo Industrial de Manaus, onde as principais empresas são a Cal Comp, empresa de tecnologia com sede em Taiwan; a fabricante de eletrônicos brasileira CCE, subsidiária da chinesa Lenovo; a fabricante de eletrônicos brasileira Terra Amazônia; a gigante sul-coreana do setor de eletrônicos LG; a empresa americana Microsoft, gigante do setor de tecnologia; a fabricante de eletrônicos japonesa Panasonic; a empresa norte-americana Philco; a Pioneer, fabricante de eletrônicos norte-americana; a gigante de tecnologia sul-coreana Samsung; a Semp Toshiba, fabricante de eletrônicos e a gigante do setor de eletrônicos  Sony, ambas com sede no Japão; e a Philips, gigante holandesa do setor de eletrônicos.
A Amazônia sempre teve um olhar predatório. Na época que os exploradores chegaram ao Brasil, eles ficaram admirados pela grandiosidade da Floresta Amazônica, denominando-a “Inferno Verde”, por causa do calor proveniente da mata e os perigos que seus expedidores encontraram durante a exploração, onde haviam riquezas e povos de culturas diferentes.
No século XVII, os portugueses foram os primeiros a se interessarem pela região, por causa da cobiça de outros países. Na época, a exploração de frutos como o cacau e a castanha representaram ganhos impactantes nas vendas internacionais.
Nesta primeira fase destaca-se esse interesse derivado da exploração dos recursos naturais amazônicos como frutos e madeiras consideradas nobres pela Corte, como o Pau-Brasil.
Especialistas entendem que a Amazônia tem sido, paradoxalmente, vítima daquilo que ela tem de mais especial como sua magia, sua exuberância e sua riqueza.
Ao longo do século XX, outros mitos, equívocos e preconceitos juntaram-se àqueles dos primeiros séculos. Assim, a Amazônia foi considerada como a terra da superabundância e o celeiro do mundo. Estrangeiros e brasileiros imaginaram que uma floresta tão exuberante devia estar sustentada por um solo igualmente fértil, e seria, no futuro, o celeiro mundial. Posteriormente, fizeram-nos acreditar que a Amazônia seria o pulmão do mundo, o que não se confirma cientificamente.
Em realidade, o extrativismo vegetal, considerado primitivo e antieconômico, muito utilizado na Amazônia, deve dar lugar à modernização e ao aperfeiçoamento de técnicas e de gestões adequadas para o melhor aproveitamento da região.
Desse modo, o trato econômico da região amazônica deveria ser múltiplo, utilizando-se de atividades econômicas mais modernas e com a  priorização da floresta em si; balanceando o manejo de espécies de baixo valor comercial com outras de elevado valor comercial e de mercado; modulando a forma de extração, conservação e aproveitamento da madeira, de maneira sustentável; desenvolvendo oportunidades de geração de emprego e renda na própria região para que a Amazônia seja, não apenas um lugar de abundância natural, mas também um lugar de justiça e de bem-estar social, buscando a integração do amazônico ao desenvolvimento regional através de um Plano de Ocupação mais humanizado. Além disso, deveríamos disseminar, através de políticas tecnicamente bem orientadas e financeiramente viáveis, viveiros de espécies florestais para desenvolver bancos de células de espécies com risco de extinção, com criatório de espécies animais naturais da região com o devido respeito a biodiversidade local.  
É preciso que os brasileiros e, principalmente, os governantes levem, seriamente, em conta que a Amazônia constitui-se do maior banco genético do mundo e do maior reservatório de espécies florestais para o desenvolvimento e a produção de medicamentos os mais variados; de inseticidas orgânicos; de cosméticos; de perfumes; de novos alimentos; de novas frutas e essências, fazendo valer a produção de produtos acabados, em detrimento a produtos semielaborados ou da simples extração florestal.  E que a Amazônia pode produzir e desenvolver numerosos tipos de madeiras, com características as mais diversas; assim como de uma variedade de peixes de água doce e salgada, com diversidade de sabores, tamanho e aparência; de uma enorme quantidade de essências vegetais, sendo que toda essa diversidade deva ser conhecida nos diversos mercados nacionais e internacionais.
Dessa forma, para um aproveitamento economicamente viável da floresta há necessidade de investimentos continuados em pesquisa e desenvolvimento e de uma produção industrial, sustentável.
Portanto, há que se intensificar a pesquisa e o desenvolvimento, através de estudos de aproveitamento de espécies florestais e animais da Amazônia, reforçando as equipes de pesquisa e os laboratórios de universidades e institutos da região, especialmente, nas áreas de biotecnologia, integrando-os com equipes e laboratórios dos centros mais desenvolvidos do país.
A Floresta Amazônica revela belezas da natureza e segredos da fauna e da flora, que cercada de paraísos naturais e de povos diversificados, pode beneficiar-se do ecoturismo que é visto como uma forma de geração de empregos diretos e indiretos para a população local, com preservação da fauna e da flora, reduzindo os impactos ambientais da Amazônia.
Berço da maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo, a Amazônia com quase sete milhões de quilômetros quadrados forma a Amazônia Total, em nove países sul-americanos: Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, por isso, atrai turistas de todo o planeta, oferecendo encantos que só a natureza pode revelar como milhares de espécies da fauna e da flora, o que pode ser conferido neste pedaço especial do planeta terra.
Por outro lado, cresce o contrabando de produtos florestais para o exterior, tal como ocorreu com a borracha no passado. Em função disso, torna-se necessário desenvolver um Sistema de Vigilância Permanente para desestimular os abusos e as reincidências de práticas ilegais na região.
A exploração excessiva da madeira causa desmatamentos, enquanto a extração racional da madeira com certificação florestal não esgota o recurso, reduz desperdícios, geram empregos e traz benefícios ao ambiente.
Já a pecuária predatória, responsável por 80% do desmatamento, ao mesmo tempo que é capaz de fortalecer o desenvolvimento econômico da região, ela traz também sérios danos ambientais. Assim, o investimento sustentável da pecuária pode ser uma boa opção contra a destruição da floresta.
Se bem utilizadas, as áreas agricultáveis da Amazônia podem fornecer alimentos em abundância. A existência de diversas espécies comercializáveis em estado selvagem, como o cacau, o palmito, o açaí, e a castanha do Pará, faz da região um rico banco genético para futuros estudos de melhoramento de características, através de cruzamento e seleção de exemplares mais apropriados ao cultivo sustentável.
A domesticação de animais amazônicos como a capivara, o jacaré, a tartaruga, o peixe boi, o mutum e a paca trazem novas alternativas de produção de alimentos. Também a pesca, se realizada com técnicas adequadas, pode ser uma rica e perene fonte de proteínas.
Inúmeras são as espécies de plantas com valor medicinal na floresta amazônica, sendo utilizadas apenas 1300 delas. Com isso, menos de 5% das espécies foram pesquisadas para a verificação de possíveis usos medicinais, porém, substâncias importantes já foram descobertas, como o curare, um potente anestésico, e o quinino, o mais precioso remédio contra a malária.
Dentre as numerosas espécies fornecedoras de madeira, apenas o mogno e a cerejeira, são aproveitadas em larga escala. Possuindo 30 bilhões de m3 de madeira, a floresta apresenta grande quantidade de espécies utilizáveis, porém, pouco exploradas.
Quanto a produção de energia e as jazidas minerais, pode-se dizer que algumas plantas são adequadas à produção de energia, tanto pela combustão direta da madeira, quanto pelo fornecimento de óleos vegetais. O óleo de copaíba, por exemplo, vem sendo apontado pelos pesquisadores como o possível substituto do diesel. E do babaçu, por sua vez, pode-se produzir álcool, carvão siderúrgico, óleo vegetal e biogás.

domingo, 25 de agosto de 2019

Produtividade brasileira


O Brasil tem avançado pouco em produtividade quando comparado aos países de primeiro mundo e mesmo a seus concorrentes mais próximos.
Para temos uma ideia de como isso acontece basta verificar um estudo recente da consultoria internacional “Conference Board” onde mostra que nos anos 90, a produtividade brasileira correspondia a 25% da americana, e que quase nada mudou em 30 anos. Ou seja, em 2016 cada brasileiro produziu, em média US$ 30.265, contra US$ 121.260 de um americano.
A eficiência do trabalho no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo raras exceções. Infelizmente, estamos parados, enquanto os outros países estão melhorando seus processos. A nossa distância dos países do primeiro mundo e de nossos concorrentes diretos vêm aumentado, sistematicamente. O que não é, nada bom!
Segundo especialistas o trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20 minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa, mas não quer dizer que o brasileiro seja inapto. Há atrasos na formação pessoal dos brasileiros e também na infraestrutura das empresas, o que afeta, radicalmente, os resultados.
Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$ 16,75, valor que corresponde a 25% do que é produzido nos EUA, com US$ 67/h. Comparado a outros países, como Noruega com US$ 75/h, ficamos a 22% deles; Luxemburgo com US$ 73/h, ficamos a 23%; os Suíços com US$ 70/h, ficamos a 24% do que eles produzem.
Num ranking com 124 nações, outros 76 países estão à nossa frente.
O diagnóstico já é sabido: a baixa qualificação e capacidade dos trabalhadores, o que, normalmente, chamamos de Capital Humano; assim como a tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas, a que chamamos de Capital Físico; o investimento caro e abaixo do necessário, a que chamamos de Capital Financeiro; e a nossa Infraestrutura, com a devida precariedade de rodovias, ferrovias, hidrovias, além da insuficiência e sucateamento de nossos portos.
Outro dado interessante é o alastramento do trabalho informal que também agrava o quadro de baixa produtividade no país. Afinal, temos cerca de 40 milhões de pessoas nessa situação, atualmente. Isso significa que não é, somente, o trabalhador que possui baixa qualidade, é que o seu emprego, também que se caracteriza como de baixa qualidade.
Além dos problemas citados, existe o gigantismo de nossa burocracia que se coloca como grande limitadora desse processo.
Imaginem uma empresa com 500 funcionários. Para ela operar, além de seu sistema produtivo, ela precisa fazer uso de 30 funcionários, apenas para atender a burocracia de passar o dia inteiro acompanhando as mudanças tributárias que ocorrem nos âmbitos federal, estadual e municipal para cuidar corretamente do recolhimento dos tributos, o que representa, 6% de seu quadro de pessoal.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estima que em média 1,5% do faturamento das empresas, cerca de R$ 200 bilhões anuais se esvai em burocracia.
De 1988 até outubro de 2017, a burocracia estatal brasileira criou 377.566 normas tributárias, das quais apenas 26.268 estavam em vigor nesta data. Incrível, não?
O Brasil precisa, pelo menos, trilhar dois caminhos: melhorar a educação em todos os níveis através de investimentos e melhoria do gerenciamento das escolas e buscar a modernização do capital físico das empresas, o que significa dizer, modernizar máquinas e equipamentos empresariais.
A educação dos brasileiros precisa se tornar plural e voltada às empresas. É preciso, proporcionar uma aproximação das escolas às empresas, seja no ensino superior, no ensino médio e ensino técnico, fazendo com que o trabalhador chegue às empresas com conhecimento consolidado, e não sem a base necessária, como acontece hoje.
Estudos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), apontam que o setor industrial brasileiro é 23% mais caro que o norte-americano, o que derruba toda a competitividade dos produtos nacionais.
Por outro lado, os setores nos quais a eficiência brasileira melhorou estão na agricultura, reflexo da incorporação maciça de inovações tecnológicas; no mercado financeiro devido ao salto dado com base nas tecnologias provenientes do mundo digital; na indústria automotiva e na Embraer devido, principalmente, à robotização e à racionalização do trabalho.
Dados de especialistas, apontam que a renda “per capita” do brasileiro, simplesmente, dobraria com a melhoria de produtividade. Nesse sentido, um relatório do Banco Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda “per capita” brasileira é aproximadamente 20% da renda “per capita” dos EUA. Se o Brasil tivesse a mesma produtividade que os norte-americanos, a renda do país seria mais de 50% da dos EUA, mesmo sem investimento adicional em máquinas e equipamentos ou capital humano. Ou seja, a renda “per capita” atual mais do que dobraria, somente, com melhorais de produtividade.
Segundo o relatório “Competitividade Brasil” de 2018-2019, elaborado, anualmente, pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Brasil está em 17º lugar na lista que compara o desempenho de 18 países em nove fatores que têm impacto sobre a eficiência e o desempenho das empresas na conquista de mercados, onde o último lugar é ocupado pela Argentina.
Dentre os fatores avaliados estão a disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística; peso dos tributos; ambiente macroeconômico; competição e escala do mercado doméstico; ambiente de negócios; educação, tecnologia e inovação.
No topo do ranking está a Coreia do Sul, seguida do Canadá e Austrália. Entre os latino-americanos, o Chile encontra-se no 8º lugar; o México no 11º lugar; a Colômbia no 14º lugar; e Peru no 16º lugar, portanto, à frente do Brasil.
É preciso compreender que a competitividade do país define o poder que as empresas têm de conquistar mercados. E, à medida em que esse poder aumenta, a empresa gera mais empregos, mais renda e contribui para o crescimento econômico do país.
Caso o Brasil não resolva seus problemas de competitividade nas empresas, principalmente, as questões tributárias e de infraestrutura, isso se transformará em dificuldades na retomada da economia para que possamos alcançar um cenário de crescimento onde o padrão de vida dos brasileiros se aproxime do padrão de vida dos países mais desenvolvidos.